A flor branca

 Certo dia, em alguma primavera passada, eu passeava por um parque quando encontro um pequeno jardim. Mas, ao contrário de todos os outros jardins, esse tinha apenas uma flor, uma flor branca, branca como a neve. Estonteado fiquei...

Aquela flor ali, intocada, com um perfume capaz de embebecer a alma de todos os que por ali passavam, com uma cor, que, de simples, maravilhava, e o encanto que só uma flor de primavera poderia ter. As outras flores perderam a cor, murcharam; rosas vermelhas e lírios azuis ficaram apenas... incolores.



Desse dia em diante dediquei dias e mais dias àquela flor; ia ao parque apenas para sentar naquele banquinho de madeira e ficar admirando-a... extasiado. Esse hábito seguiu-me durante toda a primavera.

Mas os dias se passaram, e qual foi a minha surpresa ao ver que um dia aquela flor branca havia-se ido. Para onde? Ninguém sabe... Acometido por uma inocência juvenil, achava que aquela flor branca seria eterna, que ali ficaria, esperando minha visita todas as manhãs... um sonho.

É claro que aquela flor branca conquistaria mais dezenas e dezenas de transeuntes, e algum dia, algum jovem apaixonado a arrancaria e presentearia seu par com aquela flor de tamanha beleza. Ou que uma donzela apaixonada faria de suas pétalas um esperançoso bem-me-quer mal-me-quer para saber o seu destino.

Mas isso nunca se passou na minha mente. Hoje, aquela flor branca deve estar em cima de alguma mesinha de cabeceira, espalhando sua beleza num ambiente que eu não posso entrar. A única coisa que eu sei, é que daquele dia em diante, eu me recordo dela apenas como a flor branca que eu não colhi...